Parte 03 - Escalando o estúdio de ensaio

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Oiê

Pois é, não adianta ficar falando muito não. Fiquei sim algumas semanas sem postar aqui mas tive um motivo totalmente aceitável: estava trabalhando arduamente nas gravações da ENDORAMA [que devem (se deus quiser) acabar essa semana].

Além disso, tivemos um projeto à secretaria de cultura do Estado (RJ) a ser elaborado. Isso quer dizer que se essa parada for aceita, nós teremos um "facilitador" para bancar o restante do cd (que, em hipótese nenhuma é uma coisa barata).

Mas, de qualquer forma, não se desanime se nos seus planos estiver o lançamento do seu próprio disco. É um trabalho que ensina cada passo pro músico, mostrando a ele quais são as burocracias e valores da conclusão de um trabalho assim.

Bom gente fina, o que eu queria contar hoje é mais uma historinha de como eu vim parar aqui. No primeiro post eu falei de maneira rápida e não cronológica e acabei omitindo muita coisa (omiti de propósito mesmo, pois assim teria assunto para postagens posteriores rsrsrsr).

Bem, fazendo agora uma leve regressão eu me vejo recém saído da banda Viagra e sem rumo. Eu queria muito poder compor, mas não existiam músicos. Então, em uma tarde chuvosa enquanto eu caminhava com a minha namorada (hoje, minha senhora rsrsr), passa por mim um carro cheio de caras feios e de preto lá dentro. Todos olharam pra mim e gritaram: HANSON CARALHO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Pois é, meu apelido era hanson. Tentarei postar uma foto para explicar o fato.
Os caras do carro que obviamente me conheciam pararam e fizeram a linda pergunta:

cara do carro 01 diz: porra mané, nós estamos procurando um baixista prum lance meio death metal...
thiago diz: formô.
cara do carro 03 diz: mas cara, vc não é guitarrista?
thiago diz: cara, eu sou alguma coisa de baixista também, só não tenho baixo...
cara do carro 02 diz: eu tenho um baixo véio lá em casa.
cara do carro 01 diz: e caixa pra essa porra?
thiago diz: eu descolo...
cara do carro 01 diz: então blz. Temos um ensaio agendado para as 18h.

Assim, saíram com aquele carro velho e barulhento pelas ruas da cidade. Eu fiquei ali, parado no meio da rua com minha namorada me olhando. Os olhos cheios d'água e a mente querendo saber que diabos era death metal. Seria In Flames um lance death metal?

Cara, não sei o que aconteceu entre esse momento e o momento em que eu chegava ao ensaio pois minha mente provavelmente apagou tudo por causa da expectativa de tocar, só me lembro de estar saindo do carro com mais 3 caras numa casa muito grande que ainda estava sendo terminada.

thiago diz: caralho, onde vai ser o ensaio aqui?
cara do carro 01 diz: lá em riba meu caro...

O segundo andar era muito grande. Estava quase acabado (diferente do térreo). Mas uma coisa me intrigava: como subiríamos todo o equipamento se não havia escada?

O poder do tesão musical é algo fenomenal. Descolamos uma escada de madeira e íamos passando todos os equipamentos para um intermediário no meio da escada que por sua vez, passava tudo para um outro que já estava lá em cima. Arrumamos tudo rapidinho e iniciamos o que eu mais esperava:

A PORRA DA COMPOSIÇÃO DE UMA MÚSICA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Então, eu, baixista, que só estava acompanhando, entendi qual era a vertente de death metal que queriam levar. Era uma recente, da qual felizmente a In Flames fazia parte. Isso era bom, pois eu conseguia produzir com facilidade riffs para esse tipo de som.
Agora faltava apenas encontrar um vocalista para podermos completar a banda. O cara do carro 01 tentou cantar mas eu sinceramente não curti as linhas de voz que ele estava fazendo. Aí, eu, convidado entrão, pedi o microfone.
Foi a primeira vez na vida que eu vi que eu tinha facilidade pra compor linhas de voz (tanto melódicas quanto para coisas death metal). Tornei-me o vocalista/baixista da banda e essa passou a ser chamada de "MEMORY". Fizemos ótimas músicas e eu realmente queria que a coisa fosse pra frente, mas como sempre, um baterista acabou com meus planos.

Acho que ele se cansou de escalar o estúdio toda vez que íamos pro ensaio. Todos desanimaram por causa dele.

O cara do carro 01 mudou completamente de vida e não toca mais metal.
O cara do carro 02 virou baterista de reggae e depois de blues e sei lá de mais o que.
O cara do carro 03 virou um puta guitarrista respeitado.

E eu meus camaradas, continuo aqui, trabalhando feito um masoquista em busca de algo na música pra mim!

Parte 02 - Pagando pra tocar...

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Ôpa!

Tô de volta. Bem, como havia dito no primeiro post, esse é o blog que contará o dia-a-dia de uma banda que está trabalhando para viver de música. Sim meus caros, é sério. O trabalho é pesado (pra quem imagina que ser músico é coisa mole), mas sei que o bicho ainda vai pegar muito mais quando for a hora de viajar pra tocar e não receber. Ficou abismado? Bem, trabalhar de graça no ramo em que eu escolhi é uma coisa mais que normal. O pior ainda é pagar pra trabalhar. Para os estagiários que estão lendo aqui, ainda há situações piores que a que vocês se encontram.

Pra todas as bandas iniciantes e que não possuem um QI (quem indique) muito bom, pagar pra tocar é lei. O segundo patamar e infinitamente mais confortável é ficar no 0 x 0, ou seja, não receber porra nenhuma, mas também não ter que botar a mão no bolso.

Bem, mas vamos continuar a contar a história da ENDORAMA (obviamente sob meu ponto de vista).

Depois de conversarmos e decidirmos que a banda seria "uma coisa tipo Jack Johnson" eu precisei dar uma ouvida (já que nunca fui fan desse cara) nos discos de quem seria a principal influência da banda. Meu irmão tinha uns cd´s lá e eu fui ouvir. Peguei rapidinho o esquema e comecei a compor desenfreadamente.

Diogo e Rodrigo encontraram um percussionista para banda. Ciro fora realmente chamado para ocupar o lugar de baixista e eu ficava imaginando o tempo todo que ia dar merda por causa de sermos novamente 3 irmãos dentro de uma sala de ensaio fazendo muito barulho.

A sala de ensaio era uma coisa linda. Porrei com a cabeça na resumida porta de entrada (que era daquelas de metal, tipo as de loja que se enrolam na parte de cima). Aí fui procurar uma tomada pra enfiar meu filtro de linha (que obviamente tem uma tomada de 3 pontas). Foi lindo quando percebi que não havia sequer uma tomada aterrada no recinto e que eu não conseguia meter de modo algum o meu filtro de linha em algo que fornecesse energia elétrica! Foi aí que eu conheci o grande Fabinho. Apelidado de "Gotero" (prefiro não explicar o porque), ele é um cara gente finíssima que dá uma mão na parte de som pras bandas em que o Diogo se mete. Ele olhou pra minha cara de triste com uma tomada de 3 pontas na mão e veio logo com a solução:


Fabinho "Gotero" em seu possante.

fabinho diz: quebra essa porra!
thiago diz: que porra?
fabinho diz: dá aqui.

Eu então entreguei com certo receio meu filtro de linha recém comprado (pois haviam roubado o antigo juntamente com minha guitarra e o carro do meu camarada) e o senhor Gotero começou a puxar e a torcer o 3º pino da tomada e a emitir palavrões baixinhos, típica coisa de quem está fazendo força e a parada não sai...

Vendo aquela doidera eu imaginei: cara, pra quê ter essa merda se não se pode ter aterramento? Aí eu fiz o Fabinho parar (foi difícil, ele tava numa vibe sinistra de distruir o filtro de linha), e eu encontrei uma extensão de tomada onde eu fiz uma gambiarra medonha.

O legal era que a tomada pra essa extensão ficava perto da porta de entrada (que estava aberta, ou seja, estava zippada lá no alto), o que fazia a extensão ficar ali apertadinha no meio da porta enrolada. Não sei de onde veio, mas um cara muito doido entrou na sala de ensaio (porrando com a cabeça na porta, assim como eu) e num ato de fúria puxou a porta pra baixo, fechando-a e ao mesmo tempo provocando inúmeras faíscas como numa queima de fogos de reveillon.

Sim queridos leitores, ele arregaçou a extensão toda e ao mesmo tempo fabricou uma porta eletrocutada. rsrsrs Foi lindo!

Não sei como, mas Fabinho conseguiu arrumar aquela merda e nós pudemos fazer um som tímido e sem direcionamento. Foi nesse ensaio que eu criei a introdução de uma das músicas que estarão em nosso cd ("Uma armadura até a metade do coração") e foi ali que eu percebi que esse lance de Jack Johnson não rolaria mesmo...

Parte 01 - A Gênese e um oi

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009


Um oi

Queridos amigos, esse é um blog que se destina a contar uma história cheia de cacos de vidro, de coisas doidas e kamizes. Esse blog contará a história da ENDORAMA (www.myspace.com/bandaendorama), banda a qual me ralo pra cacete pra trabalhar.
De qualquer forma eu acho que o objetivo mais legal desse blog será mostrar pra todos que tem esse mesmo sonho suicida de viver de música, e não música dos outros não, é musica autoral, que saiu do útero! rs

Espero que apreciem.


A Gênese

Imaginem vocês que no interior do estado do Rio de Janeiro, mais precisamente na cidade de Campos dos Goytacazes, três caras com laços consaguíneos que tocavam (até que direitinho) guitarra, baixo e bateria. Esses moradores de Campos tentavam mas nunca conseguiam montar uma banda funcional. Motivo: por serem irmãos a porrada comia solta em tempo integral...
Campos dos Goytacazes, sim, aquela mesmo que tinha uma estátua de índio com uma onça na entrada (onça que foi surrupiada meses depois de ter sido colocada no local deixando perplexos os habitantes, não pelo roubo, mas pela questão: pra que roubar uma estátua de onça feia igual aquela porra?!), sempre foi um lugar complicado de se trabalhar com música. Vocês irão entender isso logo que eu explicar:

79908892 por você.
Viagra: contra a impotência musical!

Eu comecei a minha vida musical tocando numa banda crossover chamda Viagra. rrsrsrs Sim, minha primeira banda era uma mistura de Ratos de Porão com Sepultura e álcool. Tudo era muito barulhento e divertido, mas eu e Rodrigo (o outro guitarrista) queríamos compor e a galera só queria tocar as músicas das bandas que ouviam. Fizemos vários shows naquela época e o mais legal foi dividir o palco com a banda carioca Imago Mortis.


Viagra: foto histórica da primeira vez que eu subi em um palco. Da esq p dir: Andinho, Rodriguinho, Marcinho, Rodrigo (na bateria) e eu.

Naquele dia eu fiquei um pouco mais surdo, com certeza. Rasguei a minha camisa recém comprada do Slayer e fui pra casa dormir feliz.
Depois de tentar e nunca conseguir, fui tocar em uma banda chamada "Burning Red" que também não saiu dos covers. A banda morreu e retornou anos mais tarde com outra formação, mas agora o ponto principal eram as músicas autorais. A banda mudou de nome para "DARWIN" e nós conseguimos gravar um EP de 5 músicas. Foi tão legal que nós até conseguimos vender um cd prum cara de São Paulo por uma distribuidora independente! O cara depois virou meu amigo, claro. rsrsr

DARWIN: da esq p dir - Junin, Rodrigo (no alto), eu, Felipe ( no alto) e Bob.

Aí você imagina, já tava trabalhando com Biologia, a música não me rendia nada além de contas, cabelo embolado e ouvidos com ruído. Eu poderia parar?
Eu sei, sou um cara meio sem noção. Eu não parei.
Fui chamado pra ser guitarrista e ajudar na produção do primeiro cd de uma das bandas mais bem sucedidas da minha cidade, a ZEROKELVIN. Já ouviu falar? Bem, eu sabia que não. rsrs
Primeiro eu entrei na banda e aprendi a tocar 200.000 covers. Depois eu futuquei todas as composições autorais da banda (chegando ao ponto de ter aborrecimentos com os antigos integrantes por conta disso). Depois fiz duas músicas com eles (uma das quais foi premiada em um festival de música local) e finalmente gravamos e mixamos. Foi minha segunda experiência com estúdio e produção. Senti que curtia a coisa.
A ZEROKELVIN foi muito boa, mas tive que sair. Montei depois uma banda de curta duração chamada "EMILY PLAY" com objetivos mais profissionais. Vingou? Porra nenhuma!!!!

Aí meu caro, fiz o que eu podia fazer: fiquei meio amargurado dizendo que ia largar a música. Já eram quase 10 anos tentando sem ao menos dar o primeiro passo, que era ter um grupo de profissionais pra trabalhar a música comigo. Decidi virar um Trent Reznor da vida e compor e gravar tudo sozinho. Já tinha uma certa experiência com instrumentos virtuais, gravação e mixagem. Descobri que fazer tudo é muito, muito trabalhoso. Já havia conseguido há algum tempo ganhar um prêmio com uma música que havia feito desta forma, o que culminou em outra banda que também acabou por conta dos músicos: a "MAYA".


Rodrigo, em um momento de completo frenesi.

Sozinho, puto pra cacete, eu resolvi não mais tentar. E pela segunda vez fui chamado a entrar em um projeto. Essa era a fagulha inicial do que viaria a ser a ENDORAMA.

Vou descrever o diálogo que se passou aqui, mas antes preciso dizer quem é quem:
Diogo - Vocalista da endorama, ex vocalista da "Bons Aliados" que acabara de acabar;
Ciro Corrêa - Meu irmao mais novo e um baixista sem emprego que toca e faz segunda voz muito bem;
Rodrigo Corrêa - Meu irmão do meio (sim, eu sou o mais velho), baterista de mão cheia, chato pra caralho e o responsável por várias bandas minhas se trnarem apenas efêmeras.


Ensaio dos primórdios da ENDORAMA (esq p dir - Ciro, Diogo e eu)

Então, em uma tarde de domingo de 2007:

diogo diz: porra rodrigo, será que seu irmão n toparia fazer esse lance n?
rodrigo diz: sei lá cara, chama esse viado aí...
rodrigo grita: thiago, chega aí mané.

nesse momento eu me junto aos dois com uma cara azeda, sem camisa e com um sonho na mão (isso não é algo poético, é um sonho de padaria mesmo, cheio de creme por dentro).

thiago diz: fala.
rodrigo diz: cara, a bons aliados foi pro brejo e nós estamos querendo fazer uma parada nova aê...
thiago diz: e o quico? (pra quem n conhece essa gíria ridícula, ela quer dizer: e o que eu tenho a ver com isso?).
diogo diz: pois é cara, nós estávamos querendo fazer uma parada meio jack johnson, e estamos precisando de um cara pra tocar violão, topa?
thiago diz: topo qualquer coisa cara, emo, samba, funk... qualquer coisa eu tô topando.

E foi assim, que surgiu a banda ENDORAMA.

Bem, agora eu preciso dar uma saidinha e mais tarde, eu posto mais alguma coisa aqui.
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!