Parte 02 - Pagando pra tocar...

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Ôpa!

Tô de volta. Bem, como havia dito no primeiro post, esse é o blog que contará o dia-a-dia de uma banda que está trabalhando para viver de música. Sim meus caros, é sério. O trabalho é pesado (pra quem imagina que ser músico é coisa mole), mas sei que o bicho ainda vai pegar muito mais quando for a hora de viajar pra tocar e não receber. Ficou abismado? Bem, trabalhar de graça no ramo em que eu escolhi é uma coisa mais que normal. O pior ainda é pagar pra trabalhar. Para os estagiários que estão lendo aqui, ainda há situações piores que a que vocês se encontram.

Pra todas as bandas iniciantes e que não possuem um QI (quem indique) muito bom, pagar pra tocar é lei. O segundo patamar e infinitamente mais confortável é ficar no 0 x 0, ou seja, não receber porra nenhuma, mas também não ter que botar a mão no bolso.

Bem, mas vamos continuar a contar a história da ENDORAMA (obviamente sob meu ponto de vista).

Depois de conversarmos e decidirmos que a banda seria "uma coisa tipo Jack Johnson" eu precisei dar uma ouvida (já que nunca fui fan desse cara) nos discos de quem seria a principal influência da banda. Meu irmão tinha uns cd´s lá e eu fui ouvir. Peguei rapidinho o esquema e comecei a compor desenfreadamente.

Diogo e Rodrigo encontraram um percussionista para banda. Ciro fora realmente chamado para ocupar o lugar de baixista e eu ficava imaginando o tempo todo que ia dar merda por causa de sermos novamente 3 irmãos dentro de uma sala de ensaio fazendo muito barulho.

A sala de ensaio era uma coisa linda. Porrei com a cabeça na resumida porta de entrada (que era daquelas de metal, tipo as de loja que se enrolam na parte de cima). Aí fui procurar uma tomada pra enfiar meu filtro de linha (que obviamente tem uma tomada de 3 pontas). Foi lindo quando percebi que não havia sequer uma tomada aterrada no recinto e que eu não conseguia meter de modo algum o meu filtro de linha em algo que fornecesse energia elétrica! Foi aí que eu conheci o grande Fabinho. Apelidado de "Gotero" (prefiro não explicar o porque), ele é um cara gente finíssima que dá uma mão na parte de som pras bandas em que o Diogo se mete. Ele olhou pra minha cara de triste com uma tomada de 3 pontas na mão e veio logo com a solução:


Fabinho "Gotero" em seu possante.

fabinho diz: quebra essa porra!
thiago diz: que porra?
fabinho diz: dá aqui.

Eu então entreguei com certo receio meu filtro de linha recém comprado (pois haviam roubado o antigo juntamente com minha guitarra e o carro do meu camarada) e o senhor Gotero começou a puxar e a torcer o 3º pino da tomada e a emitir palavrões baixinhos, típica coisa de quem está fazendo força e a parada não sai...

Vendo aquela doidera eu imaginei: cara, pra quê ter essa merda se não se pode ter aterramento? Aí eu fiz o Fabinho parar (foi difícil, ele tava numa vibe sinistra de distruir o filtro de linha), e eu encontrei uma extensão de tomada onde eu fiz uma gambiarra medonha.

O legal era que a tomada pra essa extensão ficava perto da porta de entrada (que estava aberta, ou seja, estava zippada lá no alto), o que fazia a extensão ficar ali apertadinha no meio da porta enrolada. Não sei de onde veio, mas um cara muito doido entrou na sala de ensaio (porrando com a cabeça na porta, assim como eu) e num ato de fúria puxou a porta pra baixo, fechando-a e ao mesmo tempo provocando inúmeras faíscas como numa queima de fogos de reveillon.

Sim queridos leitores, ele arregaçou a extensão toda e ao mesmo tempo fabricou uma porta eletrocutada. rsrsrs Foi lindo!

Não sei como, mas Fabinho conseguiu arrumar aquela merda e nós pudemos fazer um som tímido e sem direcionamento. Foi nesse ensaio que eu criei a introdução de uma das músicas que estarão em nosso cd ("Uma armadura até a metade do coração") e foi ali que eu percebi que esse lance de Jack Johnson não rolaria mesmo...

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